Ficha
técnica
Tipo:
Lenda urbana
Descritores:
Objeto amaldiçoado; pacto com o diabo; boneco/a demoníaco
Nome:
Boneco Fofão; Lenda do boneco fofão; Maldição do boneco Fofão;
Mistério do Boneco Fofão
Local:
Brasil
Período:
década de 80; década de 90
Pessoas
relacionadas: Orival Pessini;
Deusenir Prieto
Entidades
relacionadas: Brinquedos Mimo
(empresa); Balão mágico; TV Fofão; Rede Globo; Redes bandeirantes
O
Boneco Fofão, tem
sua origem do programa infantil da Globo,
chamado Balão mágico,
que foi ao ar de 1983 até 1986, e que apresentou diversos
personagens que marcaram toda uma geração. Sendo um deles, o Fofão,
um ser intergalático, que teria vindo do planeta Fofolândia, e que
possuía uma cara amassada e grandes bochechas.
Esta
criatura fantástica, inicialmente uma personagem secundária, ficou
tão famosa, que após o fim do Balão Mágico,
ganhou um programa próprio, na Rede Bandeirantes,
chamado TV Fofão,
que durou de 1986 até 1989. Além disso, a imagem do Fofão, rendeu
diversos produtos, sendo um dos mais famosos, o Boneco Fofão
produzido pela empresa de brinquedos Mimo,
e que inspirou a lenda.
Este
boneco, fez tanto sucesso, que a empresa, criou uma segunda versão,
conhecida na época como o Fofãozinho.
Entretanto passaram se os anos, e começaram aparecer histórias, não
tão positivas para o marketing do produto. Das quais associavam o
Fofão com forças diabólicas. Não demorou muito para esta
associação se estender também, para o personagem em si, os
programas ao qual ele fez parte, Balão mágico
e TV Fofão, e até
mesmo, a emissora da globo.
A
lenda
Por
ser uma lenda urbana,
a maldição do Boneco Fofão,
não possui uma única versão da história, existindo deste modo,
diversas variações. Mas, em geral, todas elas apontam a existência
de um punhal negro e amaldiçoado, fruto de um pacto satânico, que
se encontraria dentro do enchimento do brinquedo. O qual seria
utilizado para matar a criança que era dona do boneco.
Sobre
isto, o site Aventuras na História,
apresenta alguns detalhes interessantes da lenda, como o suposto fato
de que Orival Pessini,
intérprete do personagem, ter realizado, um pacto com o demônio
para ganhar fama e dinheiro. Mas em troca, ele deveria colocar o
diabo na casa de diversas famílias. E é aqui que entraria, o
personagem Fofão, com suas supostas mensagens subliminares
presentes em seus programas, e seu boneco, com o punhal
amaldiçoado.
Para
sustentar todas estas afirmações, de pactos, diabo e mortes,
bastava abrir o brinquedo, e seria encontrado, conectado a cabeça e
junto com o enchimento de bolinhas de isopor, um “punhal” para a
realização de rituais satânicos.
Ainda
segundo o site Aventuras na História,
as lendas da época, diziam que era necessário queimar o boneco e o
seu punhal maldito. Para deste modo, quebrar com qualquer tipo de
maldição ou elo maligno, que poderia ter sido trazer pelo
brinquedo.
Esta
afirmação, vai ao encontro com a reportagem do Jornal do
Brasil de 1991, que relata o
seguinte evento ocorrido no Nordeste:
Inquisição Baiana persegue
“Fofão”
(…)
Milhares desse bonecos, fabricados pela indústria Mimo e retirados
de produção a três anos, estão sendo queimados ou destruídos por
pais que acreditam ser o boneco um produto de magia negra e de pacto
com o demônio.
A
notícia ainda apresenta, o relato algumas pessoas que queimaram o
boneco, como foi o caso da funcionária pública Ana Maria Duarte.
Que além de ter queimado o brinquedo, que havia dado para sua
afilhada à oito anos atrás, buscou purificar a casa, com sal
grosso, para espantar possíveis espíritos malignos.
A
verdade por trás
Já
na década de 90, alguns jornais buscaram desmentir o caso, como foi
o caso da notícia de 1991 do Jornal do Brasil (RJ).
O
empresário Alvaro Gomes, sócio do
ator Orival Pessini,
contou que a campanha contra o Fofão começou em Minas
Gerais, no início do ano (1991). “Um pastor chamado Devair foi
quem começou a nos difamar. Ele espalhou que tínhamos feito
um pacto com o demônio para vender mais bonecos, o que é mentira. A
campanha contra o Fofão, sim, é fruto de uma mente demoníaca”
(…)
Ainda
nesta mesma notícia, de
1991, foi afirmado algo, que
seria posteriormente dito e uma entrevista para
a super Interessante. Que
aponta que “punhal negro”
seria “apenas uma lâmina
de plástico preta usada para prender a cabeça do boneco ao corpo”.
Podendo
complementar estas informações, é valido destacar algumas
afirmações presentes na entrevista realizada pelo site
da Super Interessante,
com Deusenir Prieto, que foi um dos responsáveis pela
criação do Boneco Fofão. Segundo ele esta estrutura de
plástico alongada e preta, era necessário, para manter a
estabilidade do boneco nas microesferas de isopor. Já que na época,
não existia a mesma tecnologia que hoje em dia possuímos, para a
construção de brinquedos. Deusenir Prieto também
menciona, que esta estrutura semelhante a uma adaga, não era
pontuda nem cortante, como era descrito nas lendas urbanas a década
de 80 e 90.
Uma
outra notícia divulgada pelo Jornal Folha de Hoje
de 8 de outubro de 1991, aponta que uma das motivações da criação
do boato, está relacionado ao fato que “Pessini teria dado uma
entrevista à apresentadora Hebe Camargo,
no SBT, onde ele
afirmou que o boneco fora criado a partir de um pacto com o diabo.”
Entretanto, é descrito logo após, que a produção do programa da
Hebe desmentiu a existência desta suposta entrevista.
Por
fim, o próprio Orival Pessini em uma entrevista concedida ao
Luciano do Valle. fala sobre o assunto, dando a seguinte
explicação sobre o tema:
Mas é assim, o boneco maior, aquele
grandão. Como ele (…) o corpo é macio e a cabeça é pesada, por
que é de vinil.
Tinha uma haste de plástico, para ele
não ficar assim, quer ver oh oh oh (...) Para ele não ficar assim,
imagina fica com a cabeça caída. mostrando a cabeça do boneco)
Então tinha aquela haste de plástico aqui dentro.
Ele
ainda complementa falando sobre o ataque que sofreu com os boatos,
comentando o seguinte: “Um destes, entre aspas, que disse (...) que
era pastor, não sei da onde e tal. Falou que aquilo era um punhal,
oh pessoal, que maldade. Ai tirava a cabeça, olha tem punhal, é de
não sei o que. Queimem o boneco.”
Alguns
sites e blogs, como o Brazilian Criminology, buscam relacionar
o Boneco Fofão com o Chucky
- Brinquedo assassino.
Entretanto é importante apresentar algumas informações,
para entendermos um pouco melhor esta comparação.
Começando
pela data de criação dos
dois personagens, enquanto o Fofão foi
criado em 1983 para o programa Balão mágico,
inspirando posteriormente o designer do próprio Boneco do
Fofão. O Chucky,
o brinquedo assassino, teria
sido produzido em 1988 para o filme Child's Play.
Nesse sentido, se hipoteticamente existir alguma
inspiração, provavelmente teria sido por parte dos criadores do
Chucky e não do Fofão
Contudo,
é interessante refletirmos, que nada impede do sucesso do Chucky
ter inspirado ou incentivado uma
maior aceitação da lenda urbana do Fofão, como um
brinquedo demoníaco e assassino. Principalmente quando levamos em
conta algumas versões da
lenda, que além de mencionarem que o Fofão possui um punhal
dentro de si, ele seria um legítimo
brinquedo assassino.
Além
do Chucky, existe uma outra lenda de um Boneco demoníaco que
as vezes é apresentado de forma relacionada com a lenda do Fofão,
no caso é a lenda da boneca da Xuxa. Que curiosamente, fez
sucesso na mesma década de 80, e foi fabricado pela mesma empresa
Mimo.
A
lenda na atualidade
Ainda
hoje, a lenda do Fofão rende muitas histórias, mesmo que já tenham
sido dadas diversas explicações do porque da existência de um
“punhal” de plástico, dentro de um boneco. E para comprovar esta
afirmação, basta fazer uma busca rápida, que facilmente
encontramos diversas páginas, blogs e canais de Youtube, que
falam sobre o tema.
Alguns
quando falam sobre a história, se dedicam a descrever a lenda em si,
outros buscam desmascarar qualquer tipo de boato. Mas ainda existem
algumas pessoas que se usam da atmosfera de mistério que toda a
lenda tem, para contar uma boa história.
REFERÊNCIAS
DEURSEN,
Felipe Van. O homem que criou a “maldição do Fofão”. Super
Interessante.
4 jul. 2018. Disponível em:
<https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-homem-que-criou-a-maldicao-do-fofao/>
Acesso em: 14 abr. 2020
Fofão.
In: WIKIPÉDIA,
a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2019.
Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fof%C3%A3o&oldid=57057849>.
Acesso em: 28 dez. 2019.
Fofão…
o boneco demoniaco! A história real. Brazilian
Criminology.
7 set. 2013. Disponível em:
<https://madfreemind.wordpress.com/2013/11/07/fofao-o-boneco-demoniaco-a-historia-real/>
Acesso em: 15 abr. 2020
Fofão/Terror.
Folha de Hoje.
Caixias do Sul, ano 2, nº 616, 8 out. 1991. p. 36 Disponível em:
<http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=882364&pesq=%22Boneco%20Fof%C3%A3o%22&pasta=ano%20199>
Acesso em: 14 abr. 2020
Fofão
falando a história do punhal com Luciano do Valle. 80E90emRecife.
22 jun. 2016. (2m04s) Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=3lnzXET2pxg>.
Acesso em: 14 abr. 2020.
Inquisição
baiana persegue “Fofão”: boneco seria fruto pacto com o demônio.
Jornal do Brasil
(RJ),
Rio de Janeiro, Ano 101, nº 183, 8 out. 1991. p. 7. Disponível em:
<http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=030015_11&PagFis=44172&Pesq=%22Boneco%20Fof%c3%a3o%22>
Acesso em: 14 abr. 2020
MALVA,
Pamela. Fofão Assassino: a lenda urbana que tirou o sono dos pais
brasileiros. Aventuras
na história. São
Paulo, 13 dez. 2019. Disponível em:
<https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-fofao-assassino-lenda-urbana-que-tirou-o-sono-dos-pais-brasileiros.phtml>
Acesso em: 14 abr. 2020
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